Deputado, e delegado, diz que pode ter tido erro em inquérito – como alegou Paulo Cerqueira

Em entrevista ao ACTA, Francisco Tenório diz que casos envolvendo um juiz são ‘bastante’ investigados

Deputado, e delegado, diz que pode ter tido erro em inquérito – como alegou Paulo Cerqueira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tenório: ‘também já fui vítima de inquérito malfeito’.

 

O deputado estadual Francisco Tenório (PMN) disse considerar o ex-delegado-geral da Polícia Civil, de Alagoas, Paulo Cerqueira inocente, no caso em que é acusado de ser mandante do atentado contra o ex-juiz Marcelo Tadeu Lemos.

O crime chegou a ser cometido, mas, em vez de resultar na morte do ex-juiz, acabou no assassinato de Hudson Harley, advogado, que estava no mesmo local e, segundo a Polícia Federal, foi confundido com o ex-juiz.

“Não vejo no Paulo perfil para matar ninguém ou para mandar matar ninguém. Não vejo esse perfil nele”, declarou o parlamentar, em entrevista concedida ao programa “Com a Palavra”, do ACTA, esta semana.

“E não tenho relação de amizade pessoal com ele, não. Estou tratando aqui, simplesmente de um colega de profissão. Eu tive momentos de ter embate com ele. Estou falando aqui, com muita isenção”, continuou Tenório, que também é delegado da Polícia Civil.

No ano passado, nas polêmicas após a transferência de delegados – em especial, o atual vereador Fábio Costa (PSB), e Thiago Prado (atual secretário municipal de Segurança Comunitária) –, houve discussão sobre uma convocação do então chefe da Polícia Civil de Alagoas pela Assembleia Legislativa.

O deputado Francisco Tenório foi um dos que se pronunciou durante as discussões.

“Mas, não vejo no Paulo nenhum perfil para cometer crime ou para mandar cometer crime. Principalmente matar alguém. Ora, isso é o pior dos crimes. Em qualquer país, em qualquer sociedade do mundo, a vida é o maior bem. Então, o homicídio é o maior dos crimes. E eu não vejo esse perfil no Paulo”, disse.

“Quando você exerce a atividade policial, você tem dois perigos. Um é o perigo de vida, em função da sua atividade policiai. E o outro é o perigo de responder processo. Naturalmente, delegados de polícia que trabalham muito, agentes de polícia que trabalham muito, chegam num momento em que respondem processos. Eu conheço o delegado Paulo Cerqueira bem”, disse o deputado, no início do questionamento sobre o tema.

Questionamentos

No último dia 9, o ex-juiz e seu advogado concederam entrevista coletiva para denunciar o caso, trazido à tona em publicação no blogue do jornalista Odilon Rios.

Na publicação, o jornalista menciona o indiciamento de Cerqueira pela Polícia Federal. O indiciamento se deu no início de março, mas, só então divulgado.

Antes de deixar o cargo, Cerqueira divulgou nota em que se disse inocente e que considera que houve equívoco no inquérito.

O parlamentar alagoano concorda com esse ponto de vista.

“Naquele inquérito existe algum erro. Alguém induziu a erro o delegado que fez o inquérito e o Paulo, no meu ponto de vista, está sendo vítima de erro policial – que a gente vê muito. A gente vê muito”, disse Tenório.

“Eu já fui vítima de investigações policiais malfeitas. Acredito que o Paulo está sendo vítima de investigação policial… tem quantos anos esse crime? De 2009. Então, tem doze anos. Uma coisa que passou doze anos e agora se chega para indiciar alguém. Então, já deixa a desejar”, acrescentou.

Questionado sobre a investigação ter sido feita pela Polícia Federal, depois que o ex-juiz ter tido que recorrer ao CNJ, contestando o inquérito produzido pelas autoridades estaduais, o parlamentar manteve o argumento cogitando possível erro.

“A Polícia Federal também erra. Não quer dizer que é porque foi feito pela Polícia Federal que é exemplo de inquérito policial, não. Pode ter havido erros”, disse.

“Pode ser que a polícia tenha pegado um inquérito que já tinha erros. Eu sou delegado. Na hora em que acontece um fato é mais fácil de você apurar do que anos depois. Ele vai pegar uma base de um inquérito que pode ter erros. E naquela base é que vai se dar a investigação dele”, disse.

“Eu não acredito nessa versão de que o pessoal ia matar um juiz e errou e matou um advogado. É um pouco fantasiosa. Mas, o doutor Marcelo Tadeu era um grande juiz, é um ser um humano extraordinário. E tem suas convicções. Eu não conversei pessoalmente com ele. Ele tem as convicções dele. Eu não acredito muito nessa história, mas, respeito as convicções do doutor Marcelo Tadeu”.

E sobre a denúncia de que o inquérito, na época do crime, desconsiderou elementos importantes para apontar os culpados agora apontados pela PF, o parlamentar e delegado disse que um crime contra essa autoridade é bastante investigado.

“Uma tentativa de crime ou um crime contra um juiz de Direito, geralmente, é investigado. É bastante investigado. O que é difícil é encontrar objetividade em suposições. Supõem-se que o rapaz que morreu era outro. São suposições. Então, o inquérito já começa frágil porque ele começa em cima de suposições. E, depois, o tempo que levou para concluí-lo, dificultou a apuração. Por mais zeloso, por mais metódico que seja o delegado que está apurando, ele tem dificuldade de encontrar as provas. É isso que eu quero dizer: que o Paulo vai conseguir provar sua inocência nesse processo”.

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